Numa terra há muito, muito tempo atrás, de incríveis maravilhas e fenômenos naturais, habitavam as indefesas cabras selvagens do rochedo e as vulneráveis corças. Estas se curvavam em agonia com o nascimento dos filhotes, liberando-os na vastidão dos campos abertos. Mesmo quando crias, cresciam fortes e independentes, e iam embora sem nunca mais voltar à vista de suas mães.

Em paralelo, corria livres os asnos selvagens prenunciados pelas marcas únicas de sua existência. Encontraram refúgio no deserto inóspito e nas terras salinas, rejeitando os barulhos ensurdecedores da cidade e ignorando os gritos dos condutores. Os vales verdejantes montanhosos se tornaram pastagens, onde procuravam qualquer coisa verde para se alimentar.

Existe também o poderoso boi selvagem, capaz de desafiar a ordem estabelecida, resistindo à servidão do homem que lida a terra. O homem questiona: “Deixarás a ele teus trabalhos, com confiança em sua força?” Mas o selvagem boi selvagem não será governado por tais restrições.

Na esfera da vida, a avestruz mostra singulares características. Deixando seus ovos cuidadosamente na terra, os aquecem sob o calor do pó. No entanto, ela se esquece que um passo descuidado pode esmagá-los, ou uma fera selvagem pode pisoteá-los. Apesar de seu esforço parecer em vão, a avestruz sem medo revela o alarde e o orgulho de suas asas.

Quando eleva-se aos céus, trata com desprezo o cavalo e seu cavaleiro. Não é você, o homem, que deu ao cavalo sua força formidável? Não é você que fez dele um guerreiro destemido que ri do medo, desprezando a espada balançando em sua direção, que enfrenta a batalha com uma raiva feroz e se regozija com o som da trombeta de guerra?

Observe o falcão, que plana na imensidão do céu ao sul, se movendo com uma sabedoria que os homens não conseguem adequadamente conceber. E, igualmente, a águia que constrói seu ninho nas alturas, uma fortaleza contra o mundo abaixo. Daí, ela observa a presa, seus olhos vendo o pequeno movimento distante. Dependendo de tais vistas para nutrir seus filhotes, a águia sobe.

E assim, todo o universo se desenrola, com cada ser vivo desempenhando seu papel neste complexo e maravilhoso esquema da Mãe Natureza.